As Revistas de Moda estão com seus Dias Contados?
- Claudia Feddersen
- Aug 18, 2018
- 2 min read
No mundo contemporâneo, notícias sobre o término da publicação de revistas renomadas se tornam cada vez mais frequentes. É sabido que o futuro das publicações impressas possui seus dias contados, tanto por conta da era digital como também por uma maior conscientização pelo menor uso de papel. No entanto, o que se tornou a maior questão para sacramentar o fim dos periódicos foi um simples e capitalista personagem: a falta de receita de publicidade.
A Editora Abril (Revista Elle) entrou em agosto de 2018 com um pedido de recuperação digital. A Condé Nast, que publica a Revista Vogue e Vanity Fair, colocou três revistas à venda (W, Brides e Golf Digest). No caso do grande conglomerado internacional, isso não é algo recente ou não previsto: a busca desesperada por receita resultou em algumas decisões estratégicas infelizes, como um empreendimento de e-commerce que somou perdas de US$ 100 milhões, além de mudanças de foco. O maior desafio é como manter e conquistar um maior número de leitores que, consequentemente, resulta em maiores ganhos de merchandising.
Outros meios de comunicação também apresentam resultados preocupantes: as empresas de TV à cabo nos EUA apresentaram uma queda de cerca de 4% no número de assinantes e o serviço de pay-per-view caiu em 33%. Mas nada se compara com o caos que o mundo editorial vive.
Apesar dos tempos difíceis, em que os 50 maiores anúncios de publicidade “emagreceram” a receita da empresa em cerca de US$ 420 milhões, a Condé Nast procura dar um golpe de mestre para sobreviver: especulações dizem que o “ativo fixo” da Vogue, a temida e respeitada Anna Wintour, será uma diretora criativa “indefinida” (interpretem como quiser); a Revista Interview será relançada (?); e a WSJ Magazine terá uma publicação “expandida” (???).
No caso da Editora Abril, a ideia é investir mais no digital, o que significa trazer mais experts do meio para o seu quadro funcional, após a demissão de cerca de 800 pessoas. Saber como atrair as pessoas para a sua plataforma se tornou um desafio praticamente diário, em um mundo em que a quantidade de informação e opiniões são infinitas. E mais, no caso do Brasil, saber como conquistar a curiosidade das pessoas em um país em que a leitura não é considerada uma das atividades mais atrativas, é o grand desafio.
A mudança constante na tecnologia afeta a indústria de comunicação e trouxe a crise atual. Ok. Repensar em como produzir e distribuir um conteúdo de qualidade, além de se adaptar aos novos tempos, é o nome do jogo. E isso não é um “privilégio” do Brasil: EUA e Europa passam por dissabores semelhantes. E estão aí, procurando e inventando soluções.
Mas o checkmate do game é saber como seduzir um segmento jovem, impaciente e imediatista. São eles que vão ditar os novos rumos comunicativos. E, claro, atrair os tão desejados investimentos de publicidade.
Fonte: Editora Abril e Condé Nast.
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