Tanto se Fala de Moda... Mas o que é a Moda Afinal??
- Claudia Feddersen
- Aug 24, 2017
- 3 min read
A palavra “moda” vem do latim modus que significa modo, maneira, jeito. Sua tradução em inglês é fashion, derivada do francês façon. De acordo com o dicionário Houaiss, a Moda é um “conjunto de usos coletivos que caracterizam o vestuário de determinado grupo humano num dado momento”. De uma forma mais ampla, a Moda é um sistema que reflete nas roupas o contexto histórico, político e social da sociedade. Podemos identificar o período histórico de um determinado traje a partir de uma foto.
A Moda que conhecemos surgiu na época do Mercantilismo quando uma burguesia endinheirada estava ávida para se vestir como a nobreza e o clero. Os nobres percebendo esses anseios passaram a modificar suas roupas para se diferenciarem dos emergentes. Mas daí os burgueses copiavam, outra novidade aparecia e logo em seguida sua imitação, e o processo virou um círculo vicioso. Fato é que desde o seu aparecimento, a Moda tem um caráter dinâmico de segregar a sociedade.
Foi somente na França pré-revolucionária que o trabalho do que hoje se entende como estilista e costureiro surgiu. Mais especificamente foi na corte de Maria Antonieta (1755-1793) em que Rose Bertin (1747-1813), mostrou sua expertise para atender os caprichos de Sua Alteza e transformá-los nas indumentárias extravagantes da então rainha.
O século XIX trouxe uma necessidade mais complexa de diferenciação além de conferir mais rapidez à velocidade de mudança nos trajes. A Moda passa a ser mais sofisticada. O individuo se torna mais carente, precisa se autoafirmar dentro do seu grupo e as roupas servem bem a esse propósito. É justamente nesse período que os tecidos usados por homens passam a ser diferentes dos das mulheres. E a Revolução Industrial surfa bem nessa onda.
O ritmo acelerado de mudanças nos contextos político, econômico e social provocam desafios na Moda: basta um grupo se vestir de forma igual para que mudanças mais contundentes se instalem, ou seja, a Moda é contra ela mesma.
O poder de escolha. A preferência por uma bolsa, uma cor ou tamanho de saia já define a Moda, mostra o gosto de quem escolheu e comprou. A imagem do individuo mostra o que foi eleito e diz tudo sobre o seu momento (vestido para trabalhar, ir à praia ou festas), ou seja, a máxima que se trata de um “cartão de visitas” procede.
Ilusão, futilidade, consumismo entre outros rótulos são constantemente relacionados à Moda. Tais críticas soam como superficiais, já que existe toda uma cadeia produtiva envolvida na confecção de roupas e acessórios, capaz de gerar inúmeros empregos. Além das implicações psicológicas e sociológicas. Para muitos o “estar na Moda” destina-se somente a uma camada abastada da sociedade. No entanto, não podemos desconsiderar os movimentos de contracultura, protesto, anticonformismo entre outros que produzem seus looks para expressarem suas respectivas posições.
Quanto ao conceito de “ditadura da Moda”, este está relacionado a um padrão de beleza imposto. A era das supermodelos composta por mulheres altas, magras e glamourosas geram na sociedade um stress com consequências maléficas. Pessoas consideradas acima do peso são totalmente banidas de passarelas, capas de revista e outros meios de marketing. Para aqueles que não foram agraciados com uma boa genética ou metabolismo acelerado, além de baixa autoestima é comum se tornarem vítimas do padrão fashion com danos psicológicos e de saúde, em muitos casos até irreversível.
No século XXI a tecnologia se torna mais um integrante da Moda. Passa-se a investir em fatores de cunho tecnológico para atingir o tecido “inteligente” (capaz de manter a temperatura corporal quente no frio e vice-versa, além de impedir a proliferação de bactérias) e o tecido com microships (identifica a localização do individuo, hora de se tomar medicamentos entre outras necessidades). Se muitos pensaram que nesse século a Moda perderia o seu poder, caberá a tecnologia mudar o cenário e criar novas demandas.
Por fim, discuto sobre o fenômeno Fast Fashion, visto como uma revolução que alterou o paradigma de negócio da Moda (organização criativa, produtiva e distributiva). Esse novo modelo de comercialização foi criado na Europa quando se percebeu que o consumidor esperava a época de liquidação para comprar. Um novo modelo de varejo capaz de abastecer o seu público alvo com novidades de forma rápida tinha de ser criado. Seu ponto de partida é saber o que seu cliente quer (através de caçadores de tendências) e a partir daí investir no design do produto. E ao contrário do que muitos pensam seu foco não é ser fast e sim ser fashion, o que significa que a venda não é necessariamente rápida e/ou feita com um preço baixo.
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