O Carnaval: suas Origens e História
- Claudia Feddersen
- Feb 24, 2017
- 3 min read
Festa mais popular do Brasil que atrai foliões do mundo todo, o Carnaval é mais antigo do que muitos poderiam imaginar: sua origem remonta aos tempos mais longínquos da civilização mundial cuja temática era a inversão de valores.
De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Carnaval é o “período anual de festas profanas, originadas na Antiguidade e recuperadas pelo cristianismo (...); constituía-se de festejos populares provenientes de ritos e costumes pagãos e se caracterizava pela liberdade de express ão e movimento”. Seu significado origina-se da palavra latina carnis levale que equivale a “retirar a carne”. Tanto que, atualmente, em outros idiomas é simplesmente conhecido como “carnival”.

A ideia central dessas festas era a inversão de papéis sociais. Acredita-se que o que entendemos hoje como Carnaval foi o resultado de duas festas da Antiga Babilônia: em uma delas, as Saceias, um prisioneiro assumia a figura do rei por uns dias, usufruía de todas as benesses inerentes ao cargo (comidas, bebidas, roupas, mulheres e joías) e era morto no final do período com requintes de crueldade. Já a outra festa que acontecia no templo de Marduk (um dos primeiros deuses da Mesopotâmia), o rei era simplesmente surrado e humilhado de forma a mostrar sua submissão aos deuses e, logo em seguida, retornava ao poder.

Na Grécia Antiga, as festas dedicadas ao Deus do vinho Dionísio eram caracterizadas pelas bebedeiras e a entrega aos prazeres da carne – daí a associação dos festejos e orgias. Já em Roma, o mesmo Deus chamava-se Baco, dando origem ao bacanal. As farras conhecidas como Lupercálias aconteciam em fevereiro, o mês dos deuses diabólicos. Tais celebrações eram cheias de música, danças, bebidas, comidas e também invertiam provisoriamente os papéis sociais (escravos no papel de seus senhores).

Tais solenidades se perpetuaram até o fortalecimento do poder da Igreja Católica, que era contra às tais comemorações pagãs. Para os cristãos, a inversão de papéis sociais era malvista pois era associada à troca da relação entre Deus e o diabo. Em um primeiro momento, a Igreja tentou conter tais festividades. Somente a partir do século IV com a criação da quaresma (período de abstinência e jejum iniciado na quarta-feira de cinzas até a Páscoa) é que as celebrações foram permitidas. Assim, nos dias anteriores ao período religioso as pessoas poderiam cometer seus excessos.

Em meados do século XI, durante a Idade Média, o Carnaval coincidia com o período fértil para a agricultura. A celebração da época consistia em homens fantasiados de mulheres, vagueando à noite por campos e ruas. Chegavam a invadir casas com o argumento de que viviam entre o mundo dos mortos e vivos e, com a permissão dos proprietários, fartavam-se de comida e bebida.

Nos anos renascentistas, mais especificamente em Florença, os desfiles com carros decorados passaram a ter música para animar mais ainda os dias de folia.

Em Veneza, o uso de túnicas e máscaras era para que as pessoas se rendessem aos exageros sem serem reconhecidos.

O Carnaval foi introduzido no Brasil já em seus primórdios anos coloniais. O entrudo, festa portuguesa que aqui era celebrada pelos escravos, foi a primeira manifestação carnavalesca. Desde então, outras demonstrações similares surgiram como os corsos, festas de salão, frevos, maracatus, samba, marchinhas. Atualmente, a inversão de papéis sociais inicialmente proposta permanece nos Carnavais contemporâneos: homens se vestem de mulheres, adultos de bebês, uso de máscaras de políticos de caráter duvidoso, celebridades e etc, além dos grandes desfiles de escolas de samba, mundialmente conhecidos.

“O Carnaval. A festa onde os tabus perdem força e as permissões tornam-se hiperbólicas”. – Vinícius de Moraes (1913-1980)
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