Quero ser Lagertha
- Claudia Feddersen
- Aug 7, 2017
- 4 min read
Indo na onda das séries que estão bombando atualmente e na procura constante de algo que possa agregar o meu trabalho, curiosamente me deparei com a série sobre os Vikings (disponível no Netflix). Nada mais justo para mim, descendente desse povo, assistir e conhecer um pouco mais sobre os meus antepassados. E, claro, entender a mensagem que passavam através de suas roupas e acessórios.
As pessoas denominadas Vikings viveram entre os anos 800 e 1100 D.C. no território que hoje engloba a Dinamarca, Suécia e Noruega. Sim, eram violentos. Mas destemidos. Para muitos, esse piratas escandinavos eram somente aventureiros que no ócio do inverno gélido faziam planos de expansão do seu território para o curto período de verão. Na verdade, eles eram exímios fazendeiros, comerciantes, artesãos e, claro, navegadores. Desenvolveram leis justas e eficazes, além de um sistema democrático de governança. A verdade é que a necessidade os tornaram bárbaros: era preciso conquistar terras para cultivar o alimento para o seu povo.
Eram experts na manufatura de armas, escudos, objetos de uso diário e joias. O culto aos seus Deuses, como Odin, Thor e Freya, os motivaram a confeccionar berloques relacionados. O Martelo de Thor, por exemplo, era usado para atrair boa sorte. Atualmente, muitos símbolos são rotulados de Vikings como espadas, martelos, escudos e machados: alguns certeiros, outros nem tanto, como os chifres dos elmos. Não há registro algum de que os capacetes Vikings possuíam tal adorno: os que efetivamente os usavam eram os Godos, Visigodos e Celtas. A associação errônea veio através de um ilustrador da ópera Valquírias de Wagner. No mínimo deveria ser um corno.
As roupas dos Vikings eram compostas por grossas peles curtidas de animais, sem detalhes ou cortes. As mulheres usavam longos vestidos de lã até o tornozelo. No entanto, eram as joias que tornavam seus looks diferenciados: quanto mais abastada era a pessoa, mais ela abusava de enfeites de metais preciosos. E curiosamente, eram os broches que mais atraíam a atenção e o investimento de cada indivíduo. Os sapatos, masculinos ou femininos, eram de couro e abertos como uma sapatilha dos dias atuais.
Os homens sabiam o quanto a imagem era uma aliada nas suas conquistas: eles deixavam seus cabelos e barbas crescerem de forma a imporem uma aparência assustadora aos seus inimigos e futuros conquistados. Já as mulheres, além de cultivarem cabelos longos, recorriam às tranças para facilitar sua vida cotidiana. E ao contrário do que muitos imaginam, eles eram sim um povo limpo: seu banho era tomado uma vez por semana. E adoravam uma terma.
Voltando à série. Sempre que assisto um filme, documentário, série ou até mesmo uma novela em que apareça uma figura que de fato existiu, recorro à Internet ou livros para saber um pouquinho mais sobre a biografia do indivíduo. Algumas fontes dizem que os personagens principais da série Os Vikings de fato existiram, outras afirmam que se tratam apenas de lendas. Independente da veracidade eles são fascinantes:
- Ragnar Lothbrok, ou simplesmente, Ragnar Calças Peludas: carismático, sensual e corajoso. Capaz de conquistar toda e qualquer mulher, cometeu o pecado capital: traiu sua esposa no estilo Charles-Camilla.
- Lagertha, a esposa traída: acredita-se que era uma viking da Dinamarca. Loiríssima de estatura mediana e guerreira exímia, não hesitou em pedir o divórcio de seu infiel primeiro marido e matou o seu segundo por não suportar as humilhações públicas que o mesmo a sujeitava. Ela sabia bem quem era e o que queria da sua vida: questões simples que muitas pessoas de ambos os sexos até hoje não sabem responder.
- Rollo, o gostosão da série: irmão caçula de Ragnar que não consegue viver à sombra do irmão. Já tentou tirá-lo do poder, apanhou, foi julgado, perdoado e continuou sua vida procurando seu lugar ao sol. Não podia ver um escrava bonita. E era apaixonada por Lagertha.
- Floki, o Bozo dos Vikings: não se sabe qual anomalia ele possuía. Mas é fiel à Ragnar. Capaz de nos conquistar com seus trejeitos e de nos fazer odiá-lo pela forma como reagiu ao saber que se tornou pai de uma menina.
- Björn, filho de Ragnar e Lagertha: se tornou “o” guerreiro, promessa do seu clã e apaixonou-se por uma escrava, que se tornou em seguida, ex-escrava.
- Athelstan, monge roubado da Inglaterra para a Escandinávia pelos Vikings: de cristão, virou pagão e amigo dos bárbaros. Tentaram sacrificá-lo sem sucesso. Na volta à Inglaterra, foi crucificado e em seguida poupado. No melhor estilo Rasputin, o cara não morreu fácil.
- Auslag, a Camila Parker-Bowles do Vikings: se dizia filha de Deuses Vikings, seduziu Ragnar, acabaram se casando e fez três filhos com ele. Mas tremia nas bases quando Lagertha aparecia na área.
Independente da época, é interessante perceber que os sonhos, esperanças, medos e ansiedades são sentimentos que permeiam as pessoas desde os tempos mais remotos até os dias atuais. Li um livro há uns três anos atrás sobre a história da Inglaterra (aliás, super indico: Londres, O Romance de Edward Rutherford, editora Record) e fiquei surpresa em saber que os ingleses são, na maioria, descendentes de dinamarqueses. Os Vikings são os grandes responsáveis por isso. Certos ou não, o mundo seria muito diferente se não fosse por eles.
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