Judith Leiber (1921)
- Claudia Feddersen
- Dec 15, 2017
- 2 min read
Nascida em Budapeste como Judith Peto, mostrou desde cedo seu talento em uma oficina de artesãos de bolsas tanto que passou a ser respeitada como a primeira mestre feminina do ofício. Por conta das agruras contra os judeus na Segunda Grande Guerra, ela migrou para Nova York em 1947 após se casar com o sargento do exército americano Gerson Leiber (1921).

Seu talento de designer de bolsas foi rapidamente reconhecido e respeitado em solo americano tanto por sua técnica quanto por sua arte. Sua empresa foi aberta em 1963, a princípio com uma pequena escala de produção, mas certa em atingir um público seleto. As matérias primas incluíam peles exóticas de crocodilo, cobra, avestruz e até tubarão. Detalhes como pregas suaves, bordados majestosos, sedas e obis japoneses faziam das suas criações peças únicas.
No entanto sua fama foi efetivamente conquistada através das miniaudières – bolsa pequena de acabamento rígido para a noite. Também manufaturadas em quantidade limitada, eram salpicadas de ladrilhos, possuíam cores vivas e pedras semipreciosas. Com preço proibitivo para grande parte da população mundial, tal acessório refletia bem a áurea exagerada dos anos 80 em que o exibicionismo social era o resultado da combinação de uma alta moda com um luxo decadente.

Historicamente falando, a década de 80 foi marcada pelas reformas fiscais e de desregulamentação dos mercados financeiros realizadas por Ronald Reagan (1911-2004) nos EUA e Margaret Thatcher (1925-2013) na Inglaterra, cujo resultado foi deixar a elite mais abastada e o oposto com os demais níveis sociais.
Irreverente, suas criações chocaram os mais conservadores ao exibir frutas, papagaios, doces, telefones, onças e taças de sorvetes na forma de uma miniaudière. Das personalidades que foram e são fãs da marca encontram-se Katy Perry, Emily Blunt e Heidi Klum.

Curiosidades à parte, as miniaudières foram criadas pelo joalheiro Charles Arpels, da marca Van Cleef & Arpels na década de 30. Uma de suas clientes, fumante inveterada, usava uma cigarreira como bolsa para festas e casamentos da alta sociedade. Daí ele idealizou uma pequena e rígida bolsa retangular, de ouro ou prata, com diversas divisões internas tanto para os cigarros, batons, puncakes e etc. Seu sucesso fez com que outras maisons de haute couture criassem suas próprias versões. Atualmente essa pettit bag possui também espaço para um moderno smartphone.

Atualmente há uma profusão de miniaudières irreverentes e altamente criativas de outras marcas, como Charlotte Olympia e Lulu Guinness. E a ideia de que esse acessório continue sendo o protagonista do look continua a vigorar.

www.judithleiber.com
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