Tendências na Moda – Regra ou Livre Arbítrio?
- Claudia Feddersen
- Sep 28, 2017
- 3 min read
De acordo com o Dicionário Houaiss, tendência para a Moda é “a evolução de algo num determinado sentido, direção, orientação”. Em inglês trend designa o estilo que vai predominar em determinada estação. A questão é que seguir uma tendência, que no primeiro momento parece como algo inofensivo, in e pop, pode muitas vezes causar efeitos maléficos tanto na sua imagem quanto na saúde (e às vezes irreversível). O sucesso da modelo inglesa Twiggy no final da década de 60 é um caso bem emblemático de consequências desastrosas: sua excessiva magreza impôs um padrão de beleza que resultou numa onda de mulheres anoréxicas nunca antes vista.
Penso com carinho se as celebridades e fashion influencers têm a convicção do seu papel na sociedade, ao usarem um determinado look que pode virar tendência em um evento descolado em que a mídia em peso estará presente. Abraçar uma causa através das roupas, seja a vengana, sustentável, reciclável entre outras, exige um posicionamento firme e coerente com a sua imagem, cuja consequencia pode ser a de abrir mão de poderosos cachês. Muitas vezes seu patrocinador exige um outro tipo de postura. Aí pergunto, onde vai doer mais: na consciência ou no bolso?
Quando jogo a palavra “tendência” no Google, a quantidade de sites e blogs relacionados à Moda que mostram o que está em voga é infinita. No entanto, o papo cabeça de discutir o que vai ou não bem em determinado tipo de corpo ou formato de cabeça não é lá tão profundo assim. De fato, muitos até mencionam o que fica cool em certo shape, mas para quem não tem um determinado biotipo significa estar fora do clube. Reconheço empiricamente essa questão: tenho um quadril largo que não fica bem com uma saia lápis. O que mais aparece nesses sites de “entendidas” de Moda é a recomendação de que a saia lápis é um dos curingas que toda fashionista de plantão deve ter para trabalhar. Errado. Colares curtos e volumosos, por mais interessante que o seu design seja, não podem ser usados por quem tem seios fartos. E assim vai...
Atualmente a nova bossa fashion é o macacão catsuit (parece a roupa usada pela Michelle Pfeiffer quando interpretou a Mulher Gato no filme Batman de 1992). Pois bem, como Consultora de Imagem & Estilo reconheço que um macacão traz benefícios inúmeros à imagem de uma mulher: pode emagrecer, deixá-la mais alta visualmente e transita desde o trabalho à uma festa habillé. Mas vamos por partes: um monocromático pode ser o seu melhor amigo desde que você saiba quais são as cores que lhe beneficiam (leiam meu post sobre Análise Cromática). Os estampados por mais lindos que sejam, podem ser perigosos: as mais fortinhas devem evitar motivos grandes, ao contrário das magrelas. Fora entender como os acessórios podem ser favoráveis a cada uma ao usar esse tipo de indumentária. Mas voltando ao catsuit, muito cuidado: ele é feito de um material elástico (lycra, elastano, látex, couro, PVC, veludo...) e é extremamente justo. Perfeito sim para quem tem “o” corpo, apenas e exclusivamente. Ou seja, por mais tendência que seja, não é para todo tipo de mulher.
Nunca é demais repetir que as nossas roupas dizem muito sobre nós mesmas: o que somos, o que desejamos ser e o como vivemos. Por isso é tão importante se vestir de acordo com sua própria realidade. Saber como é o nosso corpo, formato de rosto, cores que nos beneficiam, e se queremos parecer mais jovem, magra ou alta visualmente. Nos encontrar em outra pessoa ou tendência que não lhe favorece é um erro crasso. Além de desconfortável, não faz parte da sua realidade. Lembrem-se: somos julgados o tempo todo.
A primeira impressão é a que fica, fato. E assim podemos ser aceitas ou descartadas. Por mais fútil que isso possa parecer, sabemos que se trata de um fenômeno social histórico e que nos permeia desde o jardim da infância. Somente depois é que o nosso intelecto e conquistas serão levados em conta. Mas cá entre nós, poderá ser tarde demais.
A Moda não é tão cheia de regras assim: ela apenas nos oferece o poder de escolha. E decisão significa liberdade. Não leve as tendências tão a sério: se conheça, saiba qual é o seu estilo e siga seu bom senso. Nunca se vista para os outros, se vista para você. Estamos nessa vida para sermos felizes. E nada além disso.
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